Quando penso, escrevo, quando sinto, falo, mas quando quando escrevo o que sinto...

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Vozes distantes

Hoje fui visitado por um fantasma sem nome
Me viu passar pela calçada
Acenou para mim maliciosamente
Queria de certo me assombrar
Pisquei rapidamente meus olhos
E ele continuava lá
Eu segui meu caminho 
O ignorei o melhor que pude
Ergui minha cabeça e andei
Mas hoje eu vi um fantasma sem nome

Assombrado hoje 04/01/2019

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Petit Renard

Vingt-septième jour:
Oh, mon Petit Renard,
Oh, mon Petit Renard,
Sonhei essa noite contigo
No sonho você sorria,
Pulava e corria comigo
No alto d'uma montanha.

Trente-cinquième jour:
Oh, mon Petit Renard,
Sonhei novamente contigo,
Hoje não estávamos juntos.
Muitas milhas nos separavam.
Eu soprava ao vento "Je t'aime",
Você respondia "Je suis fou de toi".

Cinquante-sixième jour
Oh mon Petit Renard,
Essa tarde lembrei de ti.
Passei pelo restaurante que íamos,
Seu programa sabático favorito.
Meus olhos marejaram,
Não fiz questão de contê-las

Quatre-vingt-troisième jour:
Oh, mon Petit Renard,
Me acostumei a sua ausência.
Continuo a te ver, pela casa
Nos espelhos, em meus sonhos
Ainda sinto saudade,
Sua alegria faz muita falta.

Sixième mois:
Oh, mon Petit Renard,
Hoje criei coragem
Finalmente te fiz uma visita,
Tua lapide ficou tão bonita.
Oh mon Petit Renard
Comme tu me manques


Composto em 05/01/2018

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Tocado pelo luar

Era de noite, o céu limpo
Eu debruçava no parapeito
O vento suave pela janela
Olhava a Lua cheia no meio céu
Brilho intenso amarelado
Pisquei incrédulo três vezes
Uma gota de luz dela escorreu
Uma pequena poça de luz pálida
Do fim a rua ela veio
Logo a abaixo da janela
Uma donzela lá se formou
Olhava para mim, sorria inocente
Por degraus invisíveis escalou
No parapeito chegou tão rápido
Seu toque era gelo na minha face
Frescor para noite abafada
Os alvos fios de cabelos
Eram brumas noturnas de verão
Seu olhar negro era sombra
Me paralisou, quietude, inação
Seus dedos ainda no meu rosto
Gelo que queima sem ferir
Sem toque nos labios
A distancia ela pôde me beijar
Afastava-se flutuando
Tocou meu coração sem tocar
Antes mesmo de seu corpo
Em bruma por completo se tornar


Um sonho acordado de 16/10/2017

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Desistência relutante

Você foi a melhor
dentre as piores coisas.
Me ensinou bem a como te amar.
Sumiu, sem deixar instruções.
Me torturou com o seu silencio
Me escarneceu com tua ausência.

Agora sem voltar as costas pra mim
As volto pra tudo com que já me importei
Preencho meus vazios com grãos de areia
Para que calcifiquem em meus ossos.
O carvão no peito o queimo.
Para que as cinzas lavem tudo.


Pensamentos aleatórios juntados em 13/09/2017

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Outro dia insalubre.

Hoje acordei vibrando diferente, 
minha vontade era de tomar um trago
mas minha consciência me dizia não.
O coração batia pesado, 
as vozes: um só não te fará mais mal,
eu cedi, uma dose não faria mal algum afinal.
Você chegou, me viu com o copo na mão,
10h da manhã, meio dia outro copo.
14:30 mais outro, "o que você tá fazendo?"
foi o que você disse, eu olho pro copo,
olho de volta, "nada, não to fazendo nada mesmo."
Seu olhar de reprovação me parece sincero,
eu até te admiro pela preocupação,
sei que ela reside ai no fundo de alguma forma.
Você pergunta o que estou fazendo com a minha vida,
penso em falar que espero ela terminar, 
mas apenas dou outro gole.
"Por que?" e eu respondo que assim fica mais fácil.
"Como você consegue ficar bêbado assim todo dia?"
Então eu respondo:
A cada gole que dou menos eu penso em você.
E agora, 17h, uma garrafa já foi,
ainda sim, tenho conversas como essa,
que acontecem apenas em minha mente.
E você, continua bem, e longe,
e eu? 
Continuo pensando em ti.


Escrito entre um copo e outro dia 05/09/2017

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Soneto das coisas que não aconteceram

No meio das marés da vida
Fui pego por tal correnteza
Dentre todos possíveis desfechos
Acabei me tornando uma mentira

Sou aquele celebrado em silencio
Escondido e sorrateiro, vivo 
Furtivas alegrias, momentos mais belos
Que ninguém poderá testemunhar

Tudo aquilo que de melhor tenho em mim
Guardo em segurança, longe demais
Ou em condições proibitivas

Tudo que mais contentamento me trás
É sigiloso, é enganoso, se não ilusório
Não questione, pois negarei sempre.


Confissado em 22/06/2017

terça-feira, 30 de maio de 2017

Coisas fragmentadas

Uma vida, um período indistinto
Breve, ou estendido
Silencio
E gritos de socorro
Proferido em palavras abafadas

Sensações, momentos confusos
Amores, ou ressentimentos
Superação
Um deles passa, 
O outro permanece.


Escrito em 30/05/2017