Confesso que a cada dia perco um pouco mais do que fui, que
a cada momento morro um pouco para que em mim desperte um novo eu, a cada
segundo sinto menos o que costumava sentir e com isso novas sensações tomam o
lugar dos sentimentos antigos, me livro de antigas barreiras pra adotar novas
para num futuro superar.
Me perco em
pensamentos, refletindo continuamente sobre o que se passa dentro de mim, muda
tudo toda hora, muda hoje muda agora. Me perco em eus líricos e personas que
surgem com o tempo passado, com o tempo ainda a passar, e no presente encontro
reflexos de tudo, o passado em memória, o futuro a se moldar.
Confissão leviana,
me expõem como criança recém retirada do útero, forçada pra fora do aconchego
do leito conceptivo, nasço e renasço sem o conforto do ventre, frágil e
disposto, pequeno, pois assim forte crescerei.
Ambíguo é o
sentimento do crescimento, expectativa nutrida pelo desenvolvimento. Devo
assumir o contento que se cria. Eu penso se sente da mesma forma que eu, se
pulsa forte a música criada pela cadencia cardíaca no mesmo ritmo que o meu?
Muito é dito sobre rítmica, mas a freqüência é a mesma? Se as cores vibram com
mesma intensidade, se brilham com mesmo vigor. As dúvidas são sempre mais
frequentes que as respostas.
Nessa hora descanso
meu copo na mesa, o cansaço intelectual me alcança e a turbulência criativa me
atinge com vigor, não dá brecha para o sono, uma noite em claro, uma semana
talvez, sem sossego me preocupo com quem não posso cuidar, a distancia é minha maior
inimiga, fator limitante mais constante.
Por vezes me iludo,
acho que a verdade está estampada, ou pintada com cores vividas à minha frente,
engano rude, erro tolo. Não há verdade, não há absoluto, todo "qual"
tem o seu "cada", toda visão tem o seu ponto cego. Ao menos enxergo
escapatórias, pois também, todo padrão possibilita uma variedade de quebras.
Aleatório
pensamento, permite o estreitamento, de fato a distancia complica qualquer
processo, o carnal carece e o impalpável fortalece, negando o concreto o
restante floresce, uma vez a distancia foi um fator limitante, mas depois os
limites são negados pela mente.
Redigida em 27/05/2012