Quando penso, escrevo, quando sinto, falo, mas quando quando escrevo o que sinto...

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Um dia de prosa


Me peguei certo dia pensando sobre poesia
Vi nas linhas da minha mente versos escritos
Odes, trovas, sonetos e tercinas

Vi nesses versos lindas canções de nostalgia
Me remetiam a passados não vividos
Presentes inexistentes e futuros impossíveis

Vivi nesse momento um dia de uma vida não minha
Toquei aquela que a mim não pertencia
Respirei, andei, degustei, vi pelos olhos de outrem

Falei e ouvi, palavras que não pensei
Pensei turbilhões de pensamentos não meus
Sabores a mim estranhos infestavam meu paladar

Amei sem conhecer, conheci sem ao menos ver
Odiei sem consentir, da raiva imaginei, se refez
Do ódio destruí, da esperança recriei

Do lírico o eu surgiu, mas o eu a mim não era
Vi e desfiz, fiz por fazer, fiz que desfiz
Entre os eus me perdi, a mim não mais reconheci

Fora do comum, estranhei desde o amanhecer
Em cada refeição, cada passo, nada de normal
Eu o lirista que sou, por um dia de prosa passei

vivido  em 28/02/2013

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Ode noturna




Venta na noite cálida
ar gelado arrepia os pelos
luz da crescente ilumina
fracamente o caminho

Tateio por entre o bosque
meu rumo eu acho pelo toque
sinto o corpo da terra
sua firme consistência

No sossego da noite
ela entoa o seu canto
três vezes soa, ecoa
anuncia sua caçada

Outros seres se espantam
em resposta canta com ela
soa longo, soa brando
anuncia sua chegada

Um fareja a outra voa
se encontram os amantes
enamoram em olhares
dançam juntos tão distantes

Cantam junto seu encontro
três e um são os seus cantos
ressonante, é intenso o pesar
pois o toque quebra o encanto

Amanhece e a valsa acaba
primeiros raios do sol
os separam, união essa tão linda
só ocorre em pleno sonho

sonhado dia 21/02/2013

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Sincronia dissonate

Teu sentido a mim afeta
Tu sentes, eu sinto
Me sento, sem sentido
Entorpecido acordo 
Dormente logo levanto
Extasiado na partilha

Sim, até me persegue
Teus pensamentos
Minha mente, tu pensas
Tua razão
A ti a razão, a mim a tua
E tu a minha


Olhar e ver silhuetas 
Bem definidas 
Com as tuas formas 
Tuas linhas
Com as tuas curvas
Tuas cores

Imaginado em 18/02/2013

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Uma questão de sentido


Toco, sem sentir
Calor ou frio
Suavidade ou aspereza

Sinto, sem tocar
O arrepio repentino
O toque inconstante

Escuto, sem ouvir
O gemido cálido da noite
O suspiro no pé do ouvido

Ouço até mesmo sem escutar
O atrito entre a pele
A cadencia do respirar

Vejo, sem enxergar
Na penumbra o teu olhar
A nossa volta o desejo materializado

Sinto, sem provar
Do teu beijo, o gosto
A pele salgada de transpirar

Sinto, sem respirar
O suor a exalar teu calor
No teu perfume o meu fervor

Composto em 13/02/2013