Quando penso, escrevo, quando sinto, falo, mas quando quando escrevo o que sinto...

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Sonhar acordado




Eu dormia profundamente no sofá,
E o leve tilintar da chuva no teto me ninava,
Você deitada no colchão logo a minha frente.
Encarando o nada, podia ver pela porta de vidro
A chuva caia pesadamente sobre o lago,
Sua densidade embaçava a imagem,
A borrada silhueta das montanhas no horizonte.
Via as gotas se chocarem contra os vidros da porta
E se sentia bem por estar no conforto,
Abrigada naquela cabana rústica.
Imaginava ainda acima das nuvens 
como devia estar lindo o céu,
Naquela noite em que a lua minguava.
Conseguia até imagina-la 
Como um grande sorriso branco no céu,
Rodeado por brilhantes estrelas.
Por horas você esteve lá,
Em devaneios à minha frente.
Eu dormia profundamente sobre o sofá
Sendo ninado pelo tilintar da chuva no teto.

Escrito em meados de Julho de 2010

domingo, 23 de dezembro de 2012

Tola esperança


Uma noite chuvosa, inspira meu ser,
Mesmo sozinho eu sinto você
Deitada na minha cama.
A luminária, ilumina fracamente,
Ofusca as estrelas fluorescentes nas paredes.
O incenso queimando
Ligeiramente me calma.
Meus pensamentos
Deixam meus sentidos a flor da pele,
Observar a fumaça que sobe
Sobre o incensário
Prende minha atenção por pouco,
Logo sua imagem volta a se formar,
Em minha mente ela se molda
Ao som de Whitesnake.
Eu espero o tempo passar,
Até o Senhor dos Sonhos me chamar
Para mais uma vez poder estar com você.
Em sonhos,
Eu me sinto melhor,
Pois talvez, 
Somente neles ao seu lado poderei estar.

Escrito em meados de Julho de 2010

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Asas



Voa longe, voa alto,
Voa direto pr'onde somente você alcança,
Me leve junto pra essa jornada,
Lugar onde tudo é criação,
Pr'onde flui tudo que ainda não é,
D'onde jorra a inspiração,
Da fonte de tudo que há de vir a ser
Voa longe, voa alto
Me leve junto pra essa jornada
uma vez mais...

Escrito em meados de Maio 2012

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Certo, errado, errei




Eis o momento do sentimento,
A hora que o coração se abre
E você percebe a armadilha,
Está preso, engaiolado

Sem saída você se entrega,
Mas ao se entregar, julga ser o certo
E logo percebe que não existe
O certo, ou o errado

Já que no fim sempre erramos
De qualquer forma,
Mas ao final vemos a verdade,
Que não há verdade

E a verdade ilude
E a ilusão esclarece
E o esclarecimento confunde,
Então o coração se abre

Escrito em meados de Setembro de 2010

domingo, 9 de dezembro de 2012

Uivar...



Inquietude persistente,
Inquietude rotineira.
É ver para sentir,
É sentir para querer agir.

Ânsia profunda,
Prende aquilo que em mim reside
E mais que tudo anseia por se libertar.

Canto distante,
Aguça os sentidos da fera,
E seu chamado se intensifica,
Intensificado pelo luar.

Inquietude persistente e rotineira,
De onde vens eu já sei,
Do uivo abafado que deseja se libertar.

Escrito em meados de Agosto 2012

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Póstumo afeto




Nesta noite a Lua cheia brilha no céu
E eu sentado aqui à porta de um mausoléu.
Beijo os lábios dela neste corpo pútrido
E respiro este ar fétido e úmido.
Deito-me com ela no mármore gelado,
Minha amada que fora, agora sem vida a meu lado.
Sinto em sua pele um frio de morrer,
Aqui posto me sabendo que assim ei de sofrer.
Apaixonei-me por uma moça morta, que loucura.
Mas esta é minha sina, até parece tortura,
Mas este é o princípio e a essência do amor,
Enquanto sem ela estiver vivo, no coração haverá dor

Escrito em meados de Janeiro de 2011

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Distante, tão perto


De longe sopra a brisa
Distante do alcance,
Brisa leve me inspira.

Sopra leve, sopra calma,
Sopra branda, me envolve,
Sopra sempre, lava a alma.

Suave é o longínquo canto
Canta doce, doce fada,
Tua voz é puro encanto.

Melodia nina, é intensa,
Fortalece na memória,
O teu toque, tua presença.

Ritmo forte contagia,
Ressoa pelo corpo, vibra,
Nele mora sua alegria.

Suavemente soa a canção,
Como um silvo ao vento
Preenche aos poucos o coração.

No sopro, o ar carrega teu cheiro,
Vem da natureza o teu perfume.
Leve aroma me extasia por inteiro.

Monto imagens de proximidade,
Te vejo perto a aumentar
O meu querer, minha vontade.

Meu desejo é como arte,
Perfeito ao meu ver,
que sejas tu minha contraparte.

Escrito em Dezembro de 2012

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Balada primaveril


Atravessam os raios do sol o horizonte,
Do leste levanta ó majestoso astro,
Aquece a vida que verdeja,
Ilumina a terra que regojiza.

Por toda sua extensão podemos ouvir os sons que ressoam,
As savanas rugindo, as florestas a farfalhar,
O assovio nos ventos da tundra,
As planícies uivando e os silvos do cerrado.

Florescem nos campos as urzes e os narcisos
Nos jardins crescem os napelos e os licotonos
Agitam-se as abelhas, pelos teus doces, polinizam,
E as borboletas voam pelo teu néctar.

Bem aventurado ó beija-flor
Que da doçura de tal liquido desfruta,
Como a leveza desse beijo, o beijo que beija
O beijo que beija os lábios da flor.

Tudo entra em movimento, o vento sopra
As águas mareiam, o núcleo pulsa,
Pulsa forte, como o coração, pulsa intenso,
Desperta a terra adormecida em seu leito cósmico.

Te agita ó mar, tuas as ondas quebram bem altas,
Espiralam as tartarugas em seu nado interminável,
A maré sobe e desce dançando continuamente,
A dança da vida tem como palco tuas águas.

Sopram os ventos e as aves cantam,
Assovia o sabiá, chilreia o melro e grita a águia,
A brisa leve leva suas mensagens através de suspiros
E carrega as dandelions para longe em seu soprar.

Lua, ó grandiosa dama vestida de branco,
Teus raios clareiam a noite escura, teu reflexo,
Teu reflexo guia o caminho dos que se encontram,
Sob tua graça amam os perdidos em teu encanto.

Escrito em meados de Setembro de 2012

domingo, 2 de dezembro de 2012

Laçados




Ao Pensar e visualizar
O seu olhar, fico sem ar.
Ao imaginar-te ao meu lado,
Suspiro sentindo a felicidade
 Regozijo se apossa de mim.
O reflexo do teu beijo
Anestesia por dias
a tua ausência que agonia.
A presença me contagia,
Com inexplicáveis sensações,
Inimagináveis, indiscritíveis.
O sentido do que é viver,
Se intensifica, se completa.
Inflama internamente
Os sentidos metafisicamente,
Liga-os a outros momentos
No espaço, no tempo.
Encontram-se as vidas,
Ligadas por laços etéreos.

Escrito em meados de 2009

sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Amor para insandecer


Banha-me com teu amor,
Enlouqueça-me com teu fervor,
Lambuza-me com teu gozar,
Devaneia-me com teu beijar,
Ensurdeça-me com teu gemer,
Excita-me com teu suspirar.
Desnuda-me com teu olhar
E por fim
Sandeça-me só ao me deixar.

Escrito em meados de 2009

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Talvez, perdido


Uma noite ou um dia,
Uma tristeza ou alegria.
Um passo pra frente
Em direção ao abismo.
Uma cilada armada,
Um tolo destemido
À caminho do seu destino.
Um mistério, algo desconhecido,
Um aventureiro perdido
Com apenas um objetivo.
Um erro, um castigo,
Um tropeço, um inimigo,
Um acerto, uma proposta,
Outra proposta, menos um amigo.
Um amante arrependido no escuro
Em meio do seu labirinto sofrido.
Um amor cálido, um sentimento não correspondido,
Um ódio suprimido, um relacionamento escondido.
Um coração consumido por uma união impossível,
Duas maldições e um afeto invisível
E ainda sim uma emoção sem direção ou sentido.

Escrito em Janeiro de 2011