Quando penso, escrevo, quando sinto, falo, mas quando quando escrevo o que sinto...

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Tocado pelo luar

Era de noite, o céu limpo
Eu debruçava no parapeito
O vento suave pela janela
Olhava a Lua cheia no meio céu
Brilho intenso amarelado
Pisquei incrédulo três vezes
Uma gota de luz dela escorreu
Uma pequena poça de luz pálida
Do fim a rua ela veio
Logo a abaixo da janela
Uma donzela lá se formou
Olhava para mim, sorria inocente
Por degraus invisíveis escalou
No parapeito chegou tão rápido
Seu toque era gelo na minha face
Frescor para noite abafada
Os alvos fios de cabelos
Eram brumas noturnas de verão
Seu olhar negro era sombra
Me paralisou, quietude, inação
Seus dedos ainda no meu rosto
Gelo que queima sem ferir
Sem toque nos labios
A distancia ela pôde me beijar
Afastava-se flutuando
Tocou meu coração sem tocar
Antes mesmo de seu corpo
Em bruma por completo se tornar


Um sonho acordado de 16/10/2017

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Desistência relutante

Você foi a melhor
dentre as piores coisas.
Me ensinou bem a como te amar.
Sumiu, sem deixar instruções.
Me torturou com o seu silencio
Me escarneceu com tua ausência.

Agora sem voltar as costas pra mim
As volto pra tudo com que já me importei
Preencho meus vazios com grãos de areia
Para que calcifiquem em meus ossos.
O carvão no peito o queimo.
Para que as cinzas lavem tudo.


Pensamentos aleatórios juntados em 13/09/2017

terça-feira, 5 de setembro de 2017

Outro dia insalubre.

Hoje acordei vibrando diferente, 
minha vontade era de tomar um trago
mas minha consciência me dizia não.
O coração batia pesado, 
as vozes: um só não te fará mais mal,
eu cedi, uma dose não faria mal algum afinal.
Você chegou, me viu com o copo na mão,
10h da manhã, meio dia outro copo.
14:30 mais outro, "o que você tá fazendo?"
foi o que você disse, eu olho pro copo,
olho de volta, "nada, não to fazendo nada mesmo."
Seu olhar de reprovação me parece sincero,
eu até te admiro pela preocupação,
sei que ela reside ai no fundo de alguma forma.
Você pergunta o que estou fazendo com a minha vida,
penso em falar que espero ela terminar, 
mas apenas dou outro gole.
"Por que?" e eu respondo que assim fica mais fácil.
"Como você consegue ficar bêbado assim todo dia?"
Então eu respondo:
A cada gole que dou menos eu penso em você.
E agora, 17h, uma garrafa já foi,
ainda sim, tenho conversas como essa,
que acontecem apenas em minha mente.
E você, continua bem, e longe,
e eu? 
Continuo pensando em ti.


Escrito entre um copo e outro dia 05/09/2017

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Soneto das coisas que não aconteceram

No meio das marés da vida
Fui pego por tal correnteza
Dentre todos possíveis desfechos
Acabei me tornando uma mentira

Sou aquele celebrado em silencio
Escondido e sorrateiro, vivo 
Furtivas alegrias, momentos mais belos
Que ninguém poderá testemunhar

Tudo aquilo que de melhor tenho em mim
Guardo em segurança, longe demais
Ou em condições proibitivas

Tudo que mais contentamento me trás
É sigiloso, é enganoso, se não ilusório
Não questione, pois negarei sempre.


Confissado em 22/06/2017

terça-feira, 30 de maio de 2017

Coisas fragmentadas

Uma vida, um período indistinto
Breve, ou estendido
Silencio
E gritos de socorro
Proferido em palavras abafadas

Sensações, momentos confusos
Amores, ou ressentimentos
Superação
Um deles passa, 
O outro permanece.


Escrito em 30/05/2017

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Mal tempo

Em meio a trovoada intensa eu gritei desesperadamente
 um grito mudo de socorro, 
as mais extremas intempéries me cercavam, 
o vazio me consumia, e ninguém poderia me ajudar, 
eu me encontrava a quilômetros de qualquer possível abrigo

Sei que já estive bem pior do que estou hoje, 
e no fundo fico contente por isso, 
pois, por mais intensa que seja a tristeza, 
ao menos agora posso falar sobre ela abertamente.



Escrito em algum ponto bem no começo de Maio de 2017

sábado, 29 de abril de 2017

Intimidades

Te amei,
Assim que vi,
Nossos corações sangravam de forma semelhante

As cicatrizes dilacerante,
As marcas de chibatas da vida
E demais padrões se repetiam,
Em mim,
Em você

Duas aves engaioladas
Por muito tempo
Que juntas
Reaprendem a voar

Te amei,
Pela avidez do teu olhar.
Pelo profundo desejo em tua alma

Te desejei abraçar,
Nesse abraço adormecer.
Te desejei amar,
Nesse amor permanecer
Desejei a vida contigo compartilhar,
Nessa partilha à eternidade pertencer.
Num amor que infinitamente possa durar,
Mas eu um dia haverei de perecer.



Composta na madrugada de 29/04/2017

segunda-feira, 24 de abril de 2017

Condutibilidade

Dois corpos
Que se atraem,
Antes do contato
Agem como na calmaria
Que antecede a trovoada,
Sente-se o ar entre eles
Ficar mais denso

A distancia diminui
E a tensão intensifica,
A ânsia momentânea
Faz o tempo tardar.
Dois corpos
Com diferença de potencial
Se aproximam
E faíscas são trocadas.

Despertam os lepidopterae
Enclausurados
Voam e agitam o interior
Dois corpos
De baixa resistência
Se tocam,
Tudo ao redor é eletrificado,
Incendeia.


Imaginado em 23/04/2017

domingo, 23 de abril de 2017

Intersecção

Me vejo num pontual epicentro caótico
O olho de duas tempestades que se chocam
O ponto de fuga num horizonte convergente
O encontro de duas potencias em expansão

Perdição? Ou perda da razão?
O tempo passa, sem nada passar
O clima muda, e o inverno persiste
A chuva passa, e a gotas continuam a cair



Palavras amontoadas em 09/40/2017

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Metronomo

Imagino onomatopeias
Ressoando em minha mente
Sons pouco razoaveis
Representando o passar do tempo

Dentre eles o menos cadente
Os cliques de um relógio
Emitem a mesma palavra
Repete com sua voz muda

Ouço ainda o tilintar da chuva
O ranger de um moinho d'água
O constante socar de um monjolo

Todos eles a repetir insistentemente
Aquela palavra que você busca silenciar
Mas todos gritam ao teu ouvido: saudade 



A falta que senti em 10/04/2017

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Vícios e sinas

Gosto mesmo é de coisas e amores intensos
Porem breves, dessa forma fiz uma coleção
Formada dos cacos do meu próprio coração

Composto em 03/04/2017

domingo, 26 de fevereiro de 2017

Alcance

Em certos momentos sou acometido por uma leve tristeza
Quando percebo que a distancia é pouca e ausência intensa
E sinto medo de que esqueça as sensações de tua presença


Composto sob a chuva em 26/02/2017

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Tolices

Dúvido se este amar me faz bem ou mal
Não sei o quão tolo posso ser neste momento
Por desejar abraços que me façam tontear

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Estiagem

Sedento em emoção enclausurada, sufoca-se
Desidratado, de solo rachado e erodido, ainda
Banhei-me em lagrimas secas e não derramadas

Composto entre divagações em 13/02/2017

terça-feira, 31 de janeiro de 2017

Correspondência

Sobre as vozes que não ouvi
Lembro me bem do dia que ela me falou
“Eu te amei loucamente”
lembro, essas palavras nunca foram ditas
Ainda sim elas ecoavam
Memoria de uma utopia perdida e onírica
Ri por vezes de gracejos
Nunca gracejados, unicamente imaginados.
Varias cartas não escritas
Sobre meus mais profundos sentimentos
Que nunca nem senti
Cada ligação que disquei e não completei
“Boa noite, como foi seu dia”
Ansiosamente olhei, esperei, mas nada
Chamada perdida sem discar
Horas, dias, semanas a esperar respostas
Para coisas que não indaguei
Sofrendo a toa por perdas apenas imaginadas
De coisas que nunca tive
A saudade de conversas não pronunciadas
Coisas não compartilhadas
Festividades sequer comemoradas
Embriagues não bebidas
Laços frouxos que nunca foram atados.

Devaneio composto em 31/01/2017

terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Ao acaso

Caminho distraído pela rua, sem rumo
tropeço, desando com a cabeça longe.
Ando com a mente dispersa em devaneios.
Me encontro, me entretenho.
viajo, retorno, me perco e encontro.

Cai a chuva, fria e morna,
acaricia, faz cocega.
Me toca, não toca.
então trava, tremula,
refresca e esquenta.

Eu avanço, retomo a caminhada,
não sei se é certo.
Eu respiro, expiro ofegante
então me inspiro novamente.

Escrito em 10/01/2017